VII – Caminhe
-Uaaaah! – Kaito se espreguiçava e sentava a beira da cama. – É hoje, sim, é.
-Que ótimo, já está acordado. – Taichi aparecia na porta. – Vamos, ande logo, queremos comer bem e sair cedo, certo?
-Tá, tá – Kaito se levantou da cama, vasculhou algumas roupas e objetos e pós dentro de uma bolsa velha, em seguida pegou sua toalha e foi para o banheiro. – Aaah, espero chegar logo nesse tal de farmacêutico. – Kaito sussurrava para si próprio ao entrar debaixo do chuveiro.
Kaito saiu do banheiro e seguiu para a sala de janta, onde Taichi e Shinra se encontravam discutindo.
-Você é um idiota completo, sempre ajudando alguém. – Shinra gritava
-Eu sou o contrario de você, que deixou nosso pai morrer tão facilmente!-Taichi pegava a faca da mesa e enfiava no meio da testa do irmão.
-Você sempre desiste! Vai desistir do garoto do mesmo jeito que desistiu da namoradinha. – Shinra rasgava o céu da boca do irmão com os próprios dedos.
-Não acham que estão discutindo demais? – Kaito aparecia na frente dos dois com um olhar serio. – Você - Kaito apontava pra Shinra -não ache que seu irmão vai pra o outro lado da cidade por minha culpa, poderei ir sozinho se bem quiser.
Kaito pegou um pedaço de bife mal cozinhado, e saiu da sala de janta, deixando Shinra e Taichi se encararem mais do que antes.
-Ouça bem, eu irei leva-lo e se eu morrer até lá, não se preocupe... Porque você nasceu pra ser só neste mundo. – Taichi se retirou com uma enorme bolsa nas costas.
-Senhor - A serviçal do hotel interrompia Taichi ao passar pela sala. – Tenha cuidado, tome isto é seu – Ela lhe entregava uma trouxa com ervas medicinais. – Cuide-se, ou melhor, cuidem-se – Beijava a bochecha do menino e corria para a cozinha.
-Garota idiota – Taichi resmungava ao colocar as ervas na bolsa. – é bom que ele esteja me esperando na porta.
-Demorou, não acha? – Kaito limpava as mãos sujas na roupa.
-Sim, vamos logo, teremos que passar no galpão de armas, primeiro, ou você quer morrer logo quando virar a rua? – Taichi colocava as mãos nos bolsos. -Bem chegamos! – Taichi abria a porta do galpão. – Escolha a sua, mas não abuse das poderosas.
Kaito não demorava muito pra escolher as armas, em menos de dois minutos ele já tinha escolhido: uma foice afiada e pesada, mas isso não o incomodava, uma espingarda, e algumas granadas para o caso de uma multidão demoníaca.
-Vamos. –Falava Kaito preparado para o que estava por vim.
-Calma... Garoto, você acha que o mundo é tão fácil do lado de fora?-Ria Taichi, pegando as munições.
-Não... Mas é por isso que quero enfrenta-lo agora do que enfrentar o caos do dia seguinte. – Falava serio, apontando a foice para o garoto e saindo do galpão em seguida.
Depois de escolherem suas armas, e trancarem o galpão eles seguiram em frente.
- Como você vivia antes de parar aqui? –Taichi perguntava enquanto caminhavam.
-Eu não tinha nada, é só isso que tenho pra falar. – Kaito respirava fundo.
- Nada, você está tão mal assim? – O garoto debochava.
O resto do caminho foi silencioso, onde só se ouvia o vento e as asas dos corvos baterem, mas tudo mudou quando Taichi colocou a mão na frente de Kaito, fazendo o parar.
-O que foi desta vez? – Kaito olhava pra Taichi.
-Chegamos ao começo... – Taichi ficava serio. – Prepare as armas... Vamos precisar. – Taichi tirava seu bastão cheio de pregos da enorme bolsa.
Os dois se encararam ao entrar naquela parte escura da cidade, o ambiente era assustador, era mais sombrio do que o lugar anterior, demônios vagavam pelas ruas, alguns corriam com medo das armas, outros paravam e olhavam os garotos passarem e alguns tentavam chegar perto, mas acabavam morrendo.
- Que lugar mais nojento! – Kaito tirava a garganta de um demônio de sua foice – Eles não casam? –Falou ele estourando a cabeça de um com a espingarda.
- Isso vai ser todos os dias! – Falava Taichi sem a bandana nos olhos – Se acostume... – Matava um demônio só de olhar para ele.
Depois de matarem vinte e cinco demônios eles prosseguiram ao lugar desejado, porém foram interrompidos mais uma vez.
-Carne nova... – Uma voz grossa soava no meio da rua. – Tão corajosos... O que fazem aqui?
-Não é do seu interesse, é? –Kaito falava.
O ser daquela voz apareceu, era surpreendente a aparência daquela coisa, para ser mais especifica a criatura tinha: olhos de sangue, espinhos na cabeça, uma enorme língua, tudo isso em um corpo magro completado por um rabo escamoso.
-Não passarão daqui hoje! – Ria o ser.
-Não vamos? –Kaito ficava zangado – É o que veremos! – Largava a foice e encravava as unhas na cabeça fazendo o demônio dentro de si despertar.
Taichi espantou alguns demônios de uma montanha e ali sentou, só para observar a batalha.
-Vamos lá. – O ser tirava uma espécie de agulha gigante de dentro da boca.
Kaito permaneceu calado e esperou o demônio vim até ele.
-Eu primeiro? Que seja. – Correu para atacar o garoto.
Kaito estirou o braço e abriu a mão, enquanto isso o demônio corria até ele.
- Fim... – Sorria Kaito – pegando a cabeça do demônio e apertando.
O demônio gritava, mas para sua sorte conseguiu sair para longe ao escorregar no próprio sangue.
-Não ache que ganhou. – O demônio sorria e batia palmas.
- Mas o que...? – Kaito olhava para os lados e enxergava varias agulhas ao seu redor.
O demônio bateu palma mais uma vez, e as agulhas foram na direção de Kaito, pegando em suas pernas.
-Argh! – Gemia o menino caído no chão. – Não vai acabar assim! – Tirava uma faca do bolso da calça e rasgava os pontos da boca.
Kaito levantou-se correu até o demônio e tentou o agarrar varias vezes, mas a cauda do ser sempre o atacava fazendo esbarrar nas paredes dos prédios e casas. Kaito olhou para a foice ali jogada no chão e correu para pegá-la, depois de a pega cortou a cauda do demônio, onde a enfiou na boca e comeu em um minuto.
-Desgraçado! – Taichi ria de longe ao ver o que acabará de acontecer.
Kaito largou a foice mais uma vez e correu em direção ao demônio que estava de quatro vomitando de dor.
-Agora eu não vou passar? – Ria maleficamente ao pisar na coluna do demônio. – Me responda! – Furava os olhos do ser sem piedade. –Seu fraco! – Arrancava-os e os comia. – Isso serve pra qualquer um! – Gritava para todos ali ouvirem.
No final Kaito abriu a cabeça do cadáver e comeu o cérebro para saciar a fome, depois de terminado vomitou e voltou ao seu normal.
-Bela batalha. – Taichi batia palmas de longe. – Agora corre aqui, teremos que continuar, você tomou muito tempo batendo boca com aquele ali. – Apontou para os pedaços do demônio.
Kaito limpou-se, pegou sua foice e seguiu em busca da sua medicação com Taichi.
Fim do sétimo ato.
